
Apresentado como "um panorama vertiginoso da contemporaneidade, em que o sono é a maior afronta ao capitalismo: um empecilho à produtividade, um reduto de humanidade, a única fronteira não conquistada pela lógica da mercadoria".
“Um dos métodos de tortura
exercidos em muitas vítimas de rendição extraordinária e noutros presos, desde
2001, é a privação de sono.
[..]
Um ambiente 24/7 tem a aparência
de um mundo social, mas na verdade é um modelo não social de desempenho
maquínico e uma suspensão da vida que não exibe o custo humano necessário para
sustentar a sua eficácia.
[..]
Quanto ao trabalho, torna
plausível, e até normal, a ideia de laborar sem pausas, sem limites. Alinha-se
com o inanimado, o inerte ou que não envelhece.
[…]
De igual modo, 24/7 é indissociável
da catástrofe ambiental, na afirmação de gasto permanente e desperdício infindo
para se sustentar; na interrupção terminal dos ciclos e das estações de que
depende a integridade ecológica. […] o sono é uma evocação ubíqua mas invisível
de uma pré-modernidade que nunca foi totalmente superada, do universo agrícola
que começou a desaparecer há 400 anos.”
Este livro é um murro no estômago.
Mesmo para quem trabalha todos os dias com doenças do sono nem sempre temos presente
as várias dimensões da importância do sono e das consequências da sua privação.
Talvez o que seja mais curioso é
como a privação de sono é usada como ato de tortura - o mesmo ato que milhares
de pessoas infligem a si próprias de forma absurdamente voluntária diariamente. E o que as motiva verdadeiramente a não dormir?
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